Aproximação entre universidade e população incentiva mudanças sociais

A prática de atividade física é capaz de impactar aspectos que vão além das habilidades motoras. O ensino de uma dança, jogo ou esporte combinado com elementos históricos e culturais possibilita que os alunos se desenvolvam também nos campos afetivo, social e cognitivo. Uma pesquisa da EEFE realizada em colaboração com a Associação Aquarela e o CEU Jaguaré mostrou que um dos meios de potencializar esse aprendizado, tanto para os profissionais quanto para as crianças, é ir além do ambiente escolar, aproximando educandos de futuros educadores.

Um dos meios de potencializar o aprendizado de educação física é ir além do ambiente escolar, aproximando educandos de futuros educadores - Foto: Paula Bassi

 

Educação Física na Segunda Infância

Com o intuito de tornar a formação dos graduandos mais completa, o bacharelado de Educação Física da EEFE-USP oferece disciplinas focadas em diferentes populações, sendo uma delas a segunda infância. Após um semestre de aprendizado teórico, os estudantes ministram aulas práticas sob a orientação da Profa. Dra. Andrea Michele Freudenheim, uma das autoras do estudo.

O ensino prático acontece no CEU Jaguaré, com crianças em situação de vulnerabilidade social, moradoras da comunidade Vila Nova Jaguaré, que participam da Associação Beneficente Assistencial Aquarela. A colaboração entre a ONG e a EEFE existe desde 2014, por meio dela os universitários têm acesso a um laboratório didático no qual podem aprender a planejar, implementar e avaliar programas de educação física para crianças.

A pesquisa acompanhou a implementação de dois programas elaborados pelos estudantes durante o ensino da disciplina em 2019, denominados “TacoBellts” e “Hip-Hop e Capoeira”. Ambos desenvolveram atividades que trabalharam o domínio motor, cognitivo e afetivo social das crianças. Cada programa consistiu em 12 sessões, com duas avaliações para medir o alcance dos objetivos, uma na primeira sessão e outra na última.

 

Colaboração entre a Associação Aquarela e a EEFE existe desde 2014 e proporciona laboratório didático aos graduandos - Foto: Guilherme Viana

 

Jogos, brincadeiras e danças de diferentes culturas

O Programa Taco Bellts abordou jogos infantis de diversos países, como o dodgeball, do Canadá, o base 4, dos Estados Unidos, o pega-pega flag, da Austrália, e o taco/bets, do Brasil. Dentre os propósitos constava estimular as crianças participantes a conhecer novas culturas, aperfeiçoar habilidades motoras básicas e a cooperar entre si durante as atividades. Ao todo, 11 crianças participaram do programa, contudo somente seis, dois meninos e quatro meninas de 11 anos, preencheram o critério de presença mínima e fizeram as avaliações inicial e final.

O Programa Taco Bellts abordou jogos infantis de diversos países, como o dodgebal e o pega-pega flag - Foto: Paula Bassi

Já o Programa Hip-Hop e Capoeira teve como foco a dança. Segundo os graduandos, a modalidade foi escolhida por proporcionar diversos tipos de aprendizado, o que permitiu desde ensinar às crianças a história e os movimentos dos ritmos até motivá-las a reforçarem os vínculos de amizade com os colegas. Sete das 11 crianças que participaram do programa, três meninos e quatro meninas com idades entre 10 e 12 anos, tiveram presença mínima e realizaram as avaliações.

A dança foi o foco do Programa Hip-Hop e Capoeira, escolhida por proporcionar diversos tipos de aprendizado - Foto: Paula Bassi

As educadoras da Associação Aquarela também fizeram parte do processo. Os programas e os planos de cada sessão foram compartilhados com elas, além de terem sido convidadas para assistir e registrar as sessões. A ideia era que as atividades propostas pelos discentes continuassem a ser desenvolvidas com as crianças na Associação Aquarela,  após o fim das sessões.laboratório.

Transformação além dos muros da universidade 

As avaliações mostraram que nos dois programas as crianças tiveram evolução nos domínios motor, cognitivo e afetivo social, cumprindo com os objetivos de formação da Associação Aquarela e do CEU Jaguaré. Dessa maneira, verificou-se que elas puderam se desenvolver tendo respeitadas suas necessidades e condições.

Para os pesquisadores, o ensino realizado pelo laboratório didático possibilita que crianças e adolescentes em vulnerabilidade social tenham acesso a uma educação consciente, capaz de auxiliar sua formação enquanto cidadãos, para que consigam lutar e exercer seus direitos, o que acaba impactando também na diminuição da desigualdade social.

 

Ensino realizado pelo laboratório didático possibilita que crianças e adolescentes em vulnerabilidade social tenham acesso a uma educação consciente - Foto: Guilherme Viana

Além disso, a experiência também beneficiou os graduandos. Segundo o relato dos discentes, ao colocar em prática o conhecimento teórico ensinado na universidade, foi possível adquirir mais segurança para exercer a profissão no futuro. A vivência com o projeto permitiu que aprendessem formas de se comunicar e interagir com as crianças, potencializando sua formação e cumprindo com a missão da EEFE de oferecer ensino de qualidade, interagindo com a sociedade.

O artigo “Interação entre universidade pública e comunidade carente no Brasil: um relato de experiência”, de autoria da Profa. Dra. Andrea Michele Freudenheim e do Prof. Dr. Sergio Roberto Silveira, foi publicado pela Revista de Estudios Brasileños e pode ser acessado completo por meio do link: https://www.revistas.usp.br/reb/article/view/215985/198045

 

Confira os programas das disciplinas de graduação:

Educação Física na Segunda Infância I

Educação Física na Segunda Infância II

 
Ordem: 
10

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