Orientações de exercícios físicos por videoaulas são eficazes para a melhora da aptidão física e risco cardiovascular

Participantes de estudo tiveram aumento da capacidade cardiorrespiratória, força e resistência muscular, além de redução da obesidade central

 

Durante a pandemia de COVID-19, com o isolamento social e a quarentena, muitas pessoas interromperam a prática de atividade física. Como forma de contornar a situação, profissionais e projetos que trabalham com o incentivo à prática dos exercícios físicos começaram a atuar de forma remota. Uma pesquisa da EEFE-USP acompanhou participantes de um desses projetos e constatou que, mesmo de maneira remota e não supervisionada, a orientação para a prática de atividade física influenciou a melhora da aptidão física e dos parâmetros de risco cardiovascular.

Videoaulas ajudaram a incentivar prática de atividade física durante isolamento social - Fonte: Projeto Exercício e Coração / YouTube

Para o estudo, os pesquisadores acompanharam 29 indivíduos entre 65 e 78 anos, participantes do Projeto Exercício e Coração, coordenado pela Profa. Dra. Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz. Era necessário possuir um celular com acesso à internet e não ter diagnósticos de doenças cardíacas ou COVID-19 para ser voluntário da pesquisa.

Videoaulas, orientações e avaliações dos participantes

A intervenção durou 8 semanas, sendo que os participantes foram avaliados uma vez antes e outra após este período. Foram aferidos o índice de massa corporal, a circunferência da cintura, a pressão arterial sistólica e diastólica, a glicemia e colesterolemia total de jejum. Também foram realizados testes para medir parâmetros de aptidão física, como a capacidade cardiorrespiratória, força de membros superiores, força de membros inferiores, resistência abdominal, flexibilidade de ombros e flexibilidade lombar.

Membros do Projeto Exercício e Coração promoveram livres durante a pandemia para ensinar a prática de exercícios físicos - Foto: Projeto Exercício e Coração / Facebook

Os participantes foram orientados a praticar 150 min semanais de atividade física moderada, considerando duas sessões de caminhada por 30 min, uma videoaula de exercícios  aeróbicos e duas videoaulas de exercícios de força/resistência muscular. Na avaliação feita após as oito semanas, foi constatada a diminuição da circunferência da cintura e o aumento da capacidade cardiorrespiratória, da força muscular de membros superiores e da resistência abdominal.

Orientação remota como ferramenta para a adoção de uma vida ativa

A prática regular de atividade física é um dos principais aliados para prevenir o surgimento de doenças cardiovasculares, a maior causa de morte no mundo. De acordo com os pesquisadores, as videoaulas feitas por profissionais participantes de projetos da área de educação física foram uma forma de ajudar a população a manter um estilo de vida ativo durante o isolamento social. Apesar das possíveis dificuldades enfrentadas na atuação remota, as videoaulas demonstraram eficácia para a manutenção da saúde cardiovascular e da aptidão física. 

As videoaulas demonstraram eficácia para a manutenção da saúde cardiovascular e da aptidão física. Fonte: Projeto Exercício e Coração / YouTube

Mesmo após o fim do isolamento social, a orientação remota pode ser uma boa opção para a adoção de uma vida ativa. “Esse tipo de intervenção surge como uma alternativa para aqueles que dispõem de pouco tempo para realizar atividades físicas fora de casa/trabalho. Além disso, com esse tipo de modelo, podemos alcançar um número de pessoas ainda maior incentivando a prática de atividade física e reduzindo a inatividade física que tanto prejudica a saúde e qualidade de vida", constatou o pesquisador Bruno Modesto, um dos autores do estudo.

Modesto também lembra que, ao optar por uma orientação a distância, é preciso tomar certos cuidados: “A principal desvantagem desse modelo é a questão da individualização e do acompanhamento próximo ao aluno/participante. Assim, recomenda-se começar de acordo com seus limites. E, principalmente, caso sinta algum desconforto, deve-se parar imediatamente e procurar um médico antes de iniciar ou voltar à prática de atividade física”, afirma o pesquisador.

Videoaulas continuam mesmo com o fim do isolamento social

Diante dos resultados promissores, o Projeto Exercício e Coração segue produzindo novas videoaulas mensais, além de realizar transmissões ao vivo. Os exercícios são focados no público adulto de meia idade e idoso e abordam temas variados, como condicionamento cardiorrespiratório, equilíbrio, força muscular, flexibilidade, coordenação e agilidade. As aulas estão disponíveis no Youtube e podem ser acessadas em: https://www.youtube.com/@projetoexercicioecoracaous756

Os resultados do estudo foram divulgados no artigo “Efeito de uma intervenção remota de atividade física no risco cardiovascular e na aptidão física”, publicado no periódico Journal of Physical Education, do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. O trabalho teve autoria de Lincoln Fernando Akira Terashima, Ana Carolina  Mendes de Lara Campos, Marcelo Alves de Souza, Renan Vegas Jacob, Tayna Paracatu, Teresa Bartholomeu, Bruno Temoteo Modesto e Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz. O texto completo encontra-se disponível por meio do link: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/64007/751375155133.

Confira também o artigo “Características de Frequentadores do Parque Minhocão-SP”, que levantou dados demográficos e descritivos, características de uso e fatores de risco cardiovascular de frequentadores do Parque Minhocão durante a pandemia. Para saber mais, acesse:

http://www.eefe.usp.br/destaque-eefe/parque-do-minhoc%C3%A3o-um-local-para-atividade-f%C3%ADsica-e-lazer

https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/view/57800/751375153591

 

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